A taxa líquida de criação de empresas no Brasil mostra que o país, ao lado de seus pares emergentes, conseguiu se recuperar rapidamente da crise de 2008. A taxa se manteve em um nível três vezes maior do que a média dos países do G-7, segundo pesquisa inédita da RSM, sétima maior auditoria e consultoria tributária do mundo.
Entre 35 países, o Brasil tem a oitava maior taxa de criação de novos negócios no período abordado pela pesquisa - de 2007 a 2011 -, com crescimento de 993, 2 mil novos negócios, ou alta de 5,2% ao ano. No G-7 (Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Canadá e Japão) essa alta foi bem menor, de 0,8% ao ano. No entanto, quando a comparação é feita com os Brics (além de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), saltam os entraves burocráticos do Brasil: a taxa de criação de novas empresas do país só ficou acima da Índia, cuja expansão foi de 4,7% ao ano, e da África do Sul.
Na avaliação de Wesley Figueira, sócio da RSM ACAL (braço da RSM no Brasil), a expansão local foi favorecida pelo período de alta dos preços das commodities, mas com a redução da demanda da China esse ritmo pode cair. \"Um sistema tributário complexo e falta de financiamento adequado podem sufocar o empreendedorismo\", diz. \"Com o recente esfriamento da economia, o governo precisa reduzir a burocracia com urgência.\"
Dos 35 países pesquisados, Hong Kong exibe a maior taxa de criação de novos negócios, de 9,9% ao ano, passando de 655 mil para 956 mil novas empresas. A África do Sul mostra o maior declínio no número de empresas ativas, com queda de 3,8% ao ano, de 956 mil empresas ativas para 817,6 mil. Na Europa, Portugal é o país onde o número de negócios ativos declinou mais fortemente, com recuo anual de 0,8%, de 616 mil para 596 mil negócios. Ainda assim, os países europeus conseguiram superar EUA e Canadá no período.
Nos 12 países da União Europeia incluídos na pesquisa, a taxa de criação de novas empresas cresceu, em média, 1,4% ao ano, com expansão de 1,2 milhão de novos negócios. EUA e Canadá adicionaram apenas 158 mil novas empresas, com alta anual de 0,4%. Segundo Figueira, os números mostram que as empresas europeias são favorecidas não só por juros baixos, mas também pela percepção de que essas empresas estarão à frente da retomada do crescimento. \"Essa é a principal mensagem da pesquisa: nutrir pequenas e médias empresas, porque, sem elas, a retomada será mais difícil\", diz.
Fonte: Valor Econômico