Após passarem por treinamento, 20 agentes de trânsito percorreram as vias da cidade com computadores de mão dotados de um sistema que permite o preenchimento de multas.
O objetivo é da CET é acelerar o processamento das autuações, diminuir a possibilidade de erros e, consequentemente, dos recursos motivados por informações erradas.
Isso porque atualmente as multas são escaneadas e precisam ter os dados digitais no sistema da empresa. Até agosto deste ano, os marronzinhos --como os agentes são conhecidos-- aplicaram 1,2 milhão de autuações e todas tiveram que passar pelo processo.
Eventualmente ocorrem erros de digitação ou de interpretação da caligrafia, que gera recursos pedindo o cancelamento da multa.
O novo sistema, chamado de e-AIT (Auto de Infração de Trânsito Eletrônico), foi desenvolvido na própria empresa. A CET diz que consultou fornecedores, mas que decidiu desenvolver o sistema por ter necessidades específicas. A economia mensal será de R$ 300 mil.
Antes de começar a multar, o programa precisou ser homologado pelo Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).
O sistema será instalado nos 1.245 computadores já usados pelos 2.100 marronzinhos. A meta é que 200 agentes sejam capacitados até o fim do ano, mas a ampliação do uso dependerá da nova gestão escolhida pelo futuro prefeito, Fernando Haddad (PT).
O aparelho não vai acabar com as multas em papel. As infrações que precisam ser fixadas no para-brisa dos veículos, como de estacionamento irregular, sairão de impressoras portáteis semelhantes às de máquinas de cartão de crédito. O bloco de multas continuará existindo para quando a tecnologia falhar.
PRESENTE DE GREGO
Um outro sistema eletrônico já está sendo utilizado nos computadores dos marronzinhos desde agosto, mas é alvo de críticas.
O e-BAC (Boletim de Atividades de Campo Eletrônico) é usado na comunicação dos agentes com a central, recebendo e informando ocorrências como carros quebrados ou semáforos desligados, por exemplo.
Antes do software, as informações eram preenchidas em formulários de papel e também precisavam ser digitadas por funcionários --trabalho que era feito na madrugada. Essas informações de campo são uma das principais bases para a elaboração dos relatórios da CET.
De acordo com Reno Ale, presidente do Sindviários (sindicato dos agentes), os aparelhos ainda apresentam problemas que comprometem o trabalho nas ruas.
\"Ele devia reduzir o tempo de atendimento das ocorrências, mas muitas vezes atrapalha. Demora até meia hora para o agente conseguir se conectar com a central, e enquanto isso ele fica sem saber para onde ir\", afirma.
Antes de 2005, quando os computadores começaram a ser usados, o contato era feito por rádio. \"A central fazia um chamado, todos ouviam e quem estivesse mais perto atendia. Agora a comunicação é individualizada, um agente não sabe onde outro está. O computador deveria ser mais uma ferramenta, mas não a principal.\"
A CET afirma que \"o advento do e-BAC representou uma mudança de paradigma tecnológico para as equipes de rua\" e que elas também possuem celulares para fazer contato com a central em caso de falhas. A empresa não informou se o e-BAC ainda está em período de testes.
Ale também questiona o fato dos sistemas terem sido implantados apenas agora, apesar de estarem previstos desde a adoção dos computadores. \"De que adianta entregar para a próxima administração uma coisa inacabada? Independentemente de quem assuma a CET, vai receber um presente de grego\", diz.
Fonte: Folha de São Paulo – 09/11/2012